quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Poema Classificado XVI




Banquete

Não me leves a banquetes.
Não me chames, não me tomes, não me comas
insípido e indigesto que sou.

Não me convides a orgias.
Não me chames, não me tomes, não me comas
que, de tão celibatário, sou impotente.

Não me tragas a bebedeiras.
Não me chames, não me tomes, não me comas
que sou covarde. Não sóbrio.

Só em noites de lua
famintas e impudicas
chama-me-toma-me-come.

Pronto, assado, no ponto estou. Nu e cru.

Classificado para a Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Volume 117 - Câmara Brasileira dos Jovens Escritores (CBJE) - Rio de Janeiro (RJ) - agosto 2014.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Poema Classificado XV


Fonte: www. parclitus.com.br

De Secas e Verdes

Cantador se quiseres cantar;
veja que te não aconselho,
os tempos são difíceis!
Mas se imperativo for,
que cantes aleluias
às alegrias da chuva nova
na poeira velha e o cheiro bom
do bom barro de telha branco.
Ou o ocre dos ceramistas,
o branco das terracotas
e o ocre dos santeiros
nos cheiros molhados dos terreiros.

Não é que te queira ensinar
o ofício – de padre dizer missa –
(longe de mim)
é que os tempos são de seca,
são difíceis.
O mundo está sinistro.
digo isto só para parecer mais jovial.

Mas se quiseres calar
(veja que não te censuro).
se acaso, porém insistires,
que cante a paz.
As harmonias de abelhas e vespas
e formigas em seu fatigar
- operárias em construção –
na produção de alimentos
e no tornar fronteiras mais seguras.
Vidas mais úteis, vidinhas miúdas...
Ah, cantador, se os governos
fossem assim, tão eficientes!
Seríamos formigas maiores
e mais úteis, te garanto!
E nossas vidas, melhores.

Não que me queira queixar
é que a seca destes tempos sombrios
tornou agreste a minha alma
e desertificou o meu espírito.
O nosso destino de veredas
é alimentar rios.

Se calado, quiseres cantar e depois emudecer,
(veja que não te pressiono, nem apresso),
já que, por ti, tenho tanto apreço.
É que nestes tempos secos
de dificuldades, cantar é dorido.
Mas se de todo, quiseres te expressar,
que cantes jardins
belezas de moral em cachos,
canteiros floridos de ética,
floradas de justiça
e leiras e leiras de democracia.

Não é que te queira
dizer o que dizer
é que aqui, ao sul do equador,
são tempos de seca,
qualquer fagulha pode atear incêndios
e tiranias.

2º Lugar no XIX Concurso de Poesia e Prosa da Academia de Letras de São João da Boa Vista - 2011  
5º Lugar no VI Varal de Poesia UNIFAMMA - 2012



quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Poemas Publicados I





À Deriva

Distante tanto
meus olhos, à garra,
perdidos em vazios de luz.

Tateiam hesitantes
incógnitas pegadas
sem êxito, de cores, desobrigados.

Arrebatadas miragens,
exíguas imagens ausentes
sozinhas, separadas.

Eu, só...

Publicado no blog Movimento Ativista em julho/2014

http://movimentoativista.blogspot.com.br/2014/07/concurso-cardapio-poetico-inscricao.html