segunda-feira, 31 de julho de 2017

Trovas Publicadas 2017 - 05 e 06 (N.º 538 - Ano IV)


Flores Silvestres. Foto: Francisco Ferreira (31/7/17) ©

Um amor enorme assim
é para sempre, querida,
ao menos, enquanto em mim,
houver centelha de vida.



Daquele amor que foi sol
e no passado vivemos,
perdido num arrebol,
nem a centelha, mais, vemos.



Trovas publicadas no blog FALANDO DE TROVA de Pindamonhangaba (SP), em 20/7/17.


domingo, 30 de julho de 2017

Trajetória Literária 2017 - 14 (N.º 537 - Ano IV)




Citação no blog FALANDO DE TROVAS de Pindamonhanga (SP), no Resultado dos XIX Jogos Florais de Curitiba 2017 - Categoria : Novo Trovador - Tema: Centelha, mais a publicação das duas trovas classificadas em 20/7/17.

sábado, 29 de julho de 2017

Resenhas 2017 - 04 (N.º 536 - Ano IV)

Córrego do Ginásio. Foto: Francisco Ferreira.



Resenha – O Canal – O Mal Está lá Dentro (The Canal em inglês)

Lançamento: 2014

Duração: 1h33’

Nacionalidade: Irlandesa / Britânica

Direção: Ivan Kavanagh (Prêmio de Melhor Drama no PORTOBELLO FILM FESTIVAL de Londres em 2007 com o filme A SOLUÇÃO)

Roteiro: Ivan Kavanagh

Trilha Sonora: Ceiri Torjussen

Elenco: Rupert Evans (Hellboy – 2004), Antonia Campbell Hughes (Brilho de uma Paixão – 2009), Kelly Byrne (Out of Here – 2013), Steve Oram

Obs.: disponível na Netflix.



Quando o casal David (Rupert Evans) e Claire (Antonia Campbell Hughes) se muda para sua nova casa, o casamento que lhes parecia feliz entra em crise e David descobre segredos de sua mulher – que já o vinha traindo há algum tempo – neste interim, ele que é arquivista de filmes antigos, descobre um rolo de filmes de 1902 que mostra uma série de assassinatos acontecidos na casa onde moram (o antigo morador assassina a esposa infiel, a babá, os filhos e se mata em seguida). E, em meio a este turbilhão de emoções, tudo leva a crer que a história se repetirá. É um filme carregado de suspense, mistério e terror, com uma série de aparições e o que é interessante é a obsessão e a teimosia de David em continuar vivendo na casa, mesmo depois da morte da esposa, sem se importar com os perigos iminentes que ele, o filho Billy e a babá Sophie estão sujeitos.

As locações e a fotografia foram muito bem escolhidas pelo diretor Ivan Kavanagh e se prestam perfeitamente a emprestar o clima lúgubre e assustador a que o filme se propõe. O Canal é um filme que nos prende à frente da tela uma vez que, além do terror em si, ele nos aguça a curiosidade em desvendar o que realmente se passa, se quem comete os assassinatos é de fato o fantasma da casa ou se foi David, influenciado pelos filmes e devido a traição da esposa. Outro detalhe interessante focado no filme é a dificuldade que os casais têm em lidar com a questão de um maior sucesso profissional da mulher. Notoriamente a crise do casamento é motivada por este fator, sendo a traição, apenas uma consequência disto.

Dos críticos, 75% o consideraram entre bom e regular e é como eu o classifico também. Embora, eu, particularmente, não goste de filmes de terror ou suspense que tenham crianças como personagens, neste caso, especificamente, o menino Billy não é tão afetado pela atmosfera dos acontecimentos ao seu redor, mantendo a inocência em relação aos fatos, mas peca, no meu entender, quando a criança desabotoa o cinto de segurança, abre a porta e cai do carro, atendendo ao pedido do espírito atormentado de seu pai, para permanecer na casa com ele e a esposa. Uma cena muito forte e de terror de fato é quando o fantasma de Claire dá a luz nos esgotos ao bebê que ela esperava. Para quem gosta do gênero Terror é plenamente recomendável.

Uma ótima semana a todos nós e que nos mantenhamos sãos, apesar dos filmes antigos.


 Publicação de minha resenha semanal no blog DARK BOOKS de Pelotas (RS) para o filme: O CANAL, em 18/7/17.


sexta-feira, 28 de julho de 2017

Poemas Publicados 2017 - 043 (N.º 535 - Ano IV)



Poema publicado em Revista ESCRITORES do CLUBE DE ESCRITORES DE PIRACICABA - SP - N.° 271 - Ano XXIII - Junho/Julho 2017 - pag. 23, em 17/7/17.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Textos Publicados 2017 - 045 (N.º 534 - Ano IV)


Desenho de Clevane Pessoa, gentilmente cedido pela autora.


Perigos da Infância



À minha época, a infância na roça era um tempo de pouco ou quase nenhum brinquedo industrializado e nenhuma diversão eletrônica, exceto o velho e bom rádio de pilha (normalmente sintonizado na Rádio Globo do Rio, Rádio Record de São Paulo ou Rádio Atalaia de Belo Horizonte. Esta última uma espécie de FM quando estas ainda não existiam. Pelo menos aqui por estas bandas). Mas as crianças não tinham acesso àquele que era o maior luxo das famílias. E, nos contentávamos em construir nossos próprios brinquedos, invariavelmente de restos e cacos; de inventar peripécias, pescar, caçar passarinhos, ouvir as histórias dos mais velhos (verídicas, lendas e os famosos contos de fada) e trabalhar, que era uma das formas de entretenimento e, como dizia meu avô: “Trabalho de menino é pouco, mas quem desperdiça é louco!”

Mas um capítulo à parte em nossas venturas, aventuras e desventuras eram os muitos perigos a que estávamos sujeitos diuturnamente. Para se ter uma ideia do tanto de riscos que corríamos vou elencar algumas destas tantas ameaças às nossas vidinhas de tantas e tão grandes preocupações:

·         Fazer careta (se ventasse, trovejasse ou o sino tocasse, ficaria assim para sempre. Mas, apesar de crermos e temermos este destino terrível, não deixávamos de organizar nossos campeonatos de distorções do rosto);

·         Bater na mãe (a mão secava. Inclusive, na capelinha perto de minha casa tinha o exemplo do menino, que de tanto bater na genitora, virou corpo. O padre é que não permitia que crianças vissem, mas todos os adultos já tinham visto. Desde o início dos tempos);

·         Ser mordido por cágado. (Você estava literalmente cagado, pois o bicho só soltaria se o sino batesse. Eu pelo menos, nunca vi um destes quelônios na igreja e nem muito menos ninguém com um deles agarrado ao dedão. Mas que, se mordesse, era fatal);

·         Dormir nu. (O Anjo da Guarda o abandonaria.);

·         Brincar com fogo (faria xixi na cama. Normalmente dormíamos tão preocupados com esta ameaça que, uma vez ou outra, acontecia. );

·         Contar estrelas (daria verrugas na mão. Contávamos para conferir se era verdade);

·         Chupar laranja e tomar café logo em seguida (dava "tiriça", que é um dos nomes a que se davam a hepatite);

·         Andar de costas (a mãe morreria);

·         Varrer casa com alguém dormindo (pessoa da família morreria);

·         Dizer que morreram tantos sem a seguinte imprecação: "Morreram dois! Três com a parede da igreja". Por exemplo! (Você seria o próximo!)



Mas, driblamos os perigos. Sobrevivemos incólumes a todos eles e, se assim não fosse, hoje eu não estaria aqui, contando estas histórias para vocês. Uma excelente semana a todos, sem correr perigos.
Publicação em minha coluna semanal FIEL DA BALANÇA no blog OCEANO NOTURNO DE LETRAS – Rio de Janeiro (RJ), em 17/7/17.



quarta-feira, 26 de julho de 2017

Poemas Publicados 2017 - 042 (N.º 533 - Ano IV)

Arrebol. Foto: Francisco Ferreira.


Perpetuação



Nos desvãos do chão

formiga fincou casa

e ergueu nação.



Nos devaneios da árvore

sabiá fêmea plantou ovos

e raiz de pura cantoria.



No embaixo da pedra

besouro rolou tesouros

e construiu novos escaravelhos.



Nas revoadas de lodo

mandis babam e desbabam

novos cardumes.



O sol desdobra a manhã e estende,

rega a raiz do dia

e da corda no carrossel da vida.

Publicação de poema em MEUS POEMAS – COLETIVO DE ESCRITORES - da BECO DOS POETAS EDITORA – São Paulo (SP), em 15/7/17.

terça-feira, 25 de julho de 2017

Poemas Publicados 2017 - 041 (N.º 532 - Ano IV)


Mariposa. Foto: Francisco Ferreira.


Prosaísmo



Não sou poeta criativo

que deglute palavras e regurgita

em neologismos. Sou prosaico e raquítico.

Mas, de natureza, a Natureza é prosaica

que compõe, se compõe e recompõe

de neopoemas vegeto-minerais.

Eu, sou prosaico por natureza,

mas de natureza, poeta.



Se me manuelizo, mameluco

culpa é do meu sangue índio puro

de contaminações brasílicas.

Meu poema se debate na gira

roda na roda e “se possessa”

cavalo de santo da prosa.



Não sou poeta criativo

dos que dissecam vocábulos

e os põe a secar nas pedras

e folhas do caminho.

Não! Nenhum poeta tomou-me

Nem poeta sou-o.

Publicação de poema em MEUS POEMAS – COLETIVO DE ESCRITORES - da BECO DOS POETAS EDITORA – São Paulo (SP), em 14/7/17.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Poemas Publicados 2017 - 040 (N.º 531 - Ano IV)


Flor de hibisco. Foto: Francisco Ferreira.


Tédio



Vassoura de alecrim

para varrer a casa

e alguns fluidos.



Que os mortos

enterrem os seus e os fantasmas

em gavetas. Não tenho esqueletos

nos armários, só dores.



E a vida segue no compasso

da fila que, cheirando à lavanda,

anda em passos slow motion.



Nesse passo e compasso

de horas à fio, não chegará a tempo

de assistir-me a matar-me de amor.

Portanto, não chore em meu velório.


 Publicação de poema em MEUS POEMAS – COLETIVO DE ESCRITORES - da BECO DOS POETAS EDITORA – São Paulo (SP), em 13/7/17.



domingo, 23 de julho de 2017

Poemas Classificados 2017 - 028 (N.º 530 - Ano IV)


Flor de cacto. Foto: Francisco Ferreira.


Sons de Verão



As cigarras voltarão

à vida, renascerão nos campos

e o ofuscarão no auge da melodia

sons das tardes.



Depois de um ano de sepulcro

metamorfosear-se-ão o silêncio

a copular com a vida

morrerão de sons.



Carregarão as tardes

nas frágeis asas de vidro

a bater-se contra os ventos.

Preconizando a boa nova

arrastarão consigo primaveras.



Em seus concertos

pássaros, vidraças se homens loucos

a desentoar a canção.

Classificada para a REVISTA LITERALIVRE – n.º 04 – Organização: ANA ROSENRORT, em 13/7/17.





sábado, 22 de julho de 2017

Textos Publicados 2017 - 044 (N.º 529 - Ano IV)




Ipê Rosa. Foto: TLGMorais


A Intolerância Nossa de Todo Dia





Lendo sobre as cenas de selvageria após o clássico Vasco e Flamengo na noite do último sábado, no estádio São Januário no Rio de janeiro, em que houve até morte, me pus a refletir o quanto somos narcisistas e intolerantes, sobretudo se estamos em grupos, o que nos dá a impressão de invisibilidade e inimputabilidade. Infelizmente não foi algo inusitado ou isolado, não acontece apenas no Rio e nem com as torcidas daqueles clubes rivais. Em Belo Horizonte, há alguns anos, houve um massacre de um torcedor do Cruzeiro por animais travestidos de torcedores do Galo e nem era dia de jogo ou houvesse alguma provocação. Simplesmente mataram o rapaz por ser torcedor de outro time, sem lhe dar a menor oportunidade de se defender. Há uns 20 anos, depois de uma final da Copa São Paulo de Futebol Junior, houve cenas de assassinato ao vivo na TV e aquelas imagens ficaram sendo exaustivamente repetidas, por semanas. Estas cenas se repetem em todos os estados, sejam quais torcidas forem.


Estamos vivendo num tempo de tamanha intolerância que basta torcermos por um clube que não seja o da preferência do outro, termos uma posição política que contrarie a do outro, ou opção sexual, cor da pele, raça, religião “diferentes” que estaremos sujeitos a sermos achacados em redes sociais, sermos agredidos com palavras e fisicamente em qualquer lugar que estejamos e até sermos mortos por isto. E, toda esta intolerância é, a cada dia, mais incentivada nas redes sociais. São milhões de pessoas exortando o uso de armas, o “fazer justiça” e repercutindo vídeos e notícias de selvagerias e vinganças como aquele caso do rapaz que teve sua testa tatuada. De fato, quem comete crimes tem de ser punido, mas para isto tem de ser julgado e condenado por quem de direito. Se nos pusermos à caça de todos, por qualquer motivo, um dia também seremos caçados. E o que mais entristece e preocupa é que esta onda de intolerância está infiltrada em todas as classes sociais, tanto entre os ignorantes, quanto entre os intelectuais. Encontram-se intolerantes viscerais entre homens e mulheres, crianças e idosos, gregos e troianos. E o que mais nos deixa perplexos é vermos que, em sua maioria, quanto mais intolerantes, mais falam de Deus, mais postam mensagens de paz, num paradoxo digno de estudos. Numa clara demonstração daquela máxima do velho cacique da política aqui da roça: “Para os companheiros tudo, para os adversários chibata e água com sal!”


A morbidez também está assustadoramente grande: se se tem um acidente, principalmente sendo grave, as pessoas se põem em risco, parando em rodovias movimentadas para ver, filmar e fotografar; se há uma briga, ao invés de tentarem evitar, de separarem, ficam assistindo e filmando; corpos mutilados são fotografados e publicados em redes sociais; aqui na minha cidade que é pequenininha e que as notícias se espalham rapidamente, basta que aconteça um acidente ou um assassinato para que a cidade toda se desloque para o local, o que é deveras lamentável. É degradante ver as pessoas deixarem seus afazeres domésticos ou no trabalho, saírem de suas casas com tempo frio ou quente, com sol ou chuva para assistirem “in loco” a desgraça alheia.


Não é assim que construiremos a paz. Uma semana de gentilezas e harmonia a todos nós.



Publicação de minha coluna semanal FIEL DA BALANÇA no blog OCEANO NOTURNO DE LETRAS – Rio de Janeiro (RJ), em 11/7/17.



sexta-feira, 21 de julho de 2017

Poemas Publicados 2017 - 039 (N.º 528 - Ano IV)



Ipê Rosa. Foto: Marcilene Cardoso.


Mau Olhado



Dedos de nuvens

cegaram-me a super lua

e os sessenta e oito anos de espera

sem nenhum anel

ou compromissos, além da solidão

no leito mútuo.

A chuva saliva no telhado

despertando o banzo

no atabaque das goteiras.

A velha rã ancestral

salta, de quando em vez,

no engaiolado do peito.

O curiango além

sustenta minhas promessas

de tomar-te novamente

numa cama ao por do sol:

−Amanhã eu vou!

Repete sua máxima infinita

mas, os três sabemos

quão mentirosas são

as aves de agouro

e as cantorias de malmequer

a escurecer os céus

de nossas tramas.



Publicação na plataforma MEUS POEMAS – COLETIVO DE ESCRITORES – da Editora Beco dos Poetas - São Paulo (SP), poema: MAU OLHADO, em 11/7/17.