Fonte: ultradounloads.com.br
De Secas e Verdes
Cantador se quiseres cantar;
veja que te não aconselho,
os tempos são difíceis!
Mas se imperativo for,
que cantes aleluias
às alegrias da chuva nova
na poeira velha e o cheiro
bom
do bom barro de telha branco.
Ou o ocre dos ceramistas,
o branco das terracotas
e o ocre dos santeiros
nos cheiros molhados dos
terreiros.
Não é que te queira ensinar
o ofício – de padre dizer
missa –
(longe de mim)
é que os tempos são de seca,
são difíceis.
O mundo está sinistro.
digo isto só para parecer
mais jovial.
Mas se quiseres calar
(veja que não te censuro).
se acaso, porém insistires,
que cante a paz.
As harmonias de abelhas e
vespas
e formigas em seu fatigar
- operárias em construção –
na produção de alimentos
e no tornar fronteiras mais
seguras.
Vidas mais úteis, vidinhas
miúdas...
Ah, cantador, se os governos
fossem assim, tão eficientes!
Seríamos formigas maiores
e mais úteis, te garanto!
E nossas vidas, melhores.
Não que me queira queixar
é que a seca destes tempos
sombrios
tornou agreste a minha alma
e desertificou o meu
espírito.
O nosso destino de veredas
é alimentar rios.
Se calado, quiseres cantar e
depois emudecer,
(veja que não te pressiono,
nem apresso),
já que, por ti, tenho tanto
apreço.
É que nestes tempos secos
de dificuldades, cantar é
dorido.
Mas se de todo, quiseres te
expressar,
que cantes jardins
belezas de moral em cachos,
canteiros floridos de ética,
floradas de justiça
e leiras e leiras de
democracia.
Não é que te queira
dizer o que dizer
é que aqui, ao sul do
equador,
são tempos de seca,
qualquer fagulha pode atear
incêndios
e tiranias.
http://edai7.blogspot.com.br/2015/06/de-secas-e-verdes.html
Viajar na leitura é sempre embriagante, seu bom gosto literário nos proporciona uma avalanche de cultura, sucesso sempre !!!
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