Estrela do Céu. Foto: Francisco Ferreira.
Causos de Boteco e Outras Bebedeiras
Zé Da Taca, O Bravo, em Falta de Galo
Amigo meu, Zé da Taca, é um homem bravo. Desses
bravos bravos mesmo, que ainda andam de peixeira na cinta e quando querem ficar
ainda mais bravos, tomam cachaça com pólvora. Bão! Nós estávamos bebericando
umas canjibrinas no boteco perto lá
de casa na roça, quando o dono do boteco o Jão Muié, interpelou-o:
− Ô Zé da Taca, cê
num tá teno ovo pra vendê não?
No que o bravo Zé, responde:
− Ah, Jão, minha produção tá muito piquena, esses
dias!
Não é que o Tião Salsicha, moleque gozador e
abusado, ouvindo aquilo, dá uma gargalhada e pergunta para o Zé:
− Cê num
tem botado purque, Zé da Taca? Tá
faltando milho ou galo?
O bravo, bufando e babando no bigode amarelo, toda
sua brabeza, deu de mão na peixeira e gitou:
−Tá fartando
é sangue, seu fiédazunha. - e partiu
pra cima do Tião.
Foi preciso uns cinco daqueles bêbados para segurar o homem e tomar-lhe
a peixeira.
***
Missão Dada, Missão Cumprida
O Dito era sacristão de nossa paróquia e, além de
bom sapateiro, bebia feito um gambá. Naturalmente, nas manhãs de domingo estava
sempre de ressaca (com aquele gosto de cabo de guarda-chuva ou jornal molhado,
na boca) louco para rebater a de
sábado. Certo dia, na hora da Consagração, o padre olha de soslaio e vê um
escorpião subindo pela parade da igreja. Cochica com o sacristão:
− Mata questo bicho maladeto, Benedeto!
Foi a senha. O Dito não se fez de rogado, mão no cálice com o vinho e o
esvaziou de uma golada só. Ainda teve o desplante de dar uma bicota.
Uma excelente semana para todos nós. E sem ressaca!
Publicação da semana em minha coluna FIEL DA BALANÇA no blog OCEANO
NOTURO DE LETRAS do Rio de Janeiro (RJ), em 6/11/17.
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