Estação
das Chuvas
Está chovendo de desbotar urubus,
as águas escarnecem de lodos, os dias
e os rios, atolados até o pescoço,
nos desvãos dos barrancos.
Garças colhem peixes nos altos
galhos das ingazeiras flutuantes.
Sabiás cantam litanias às avessas
pedindo sol e aragem na ferrugem
branca das serras de além de...
Na casca da lua germinam estrelas
para derramarem-se vaga-lumes
sobre o assoalho das nuvens e ventos.
Crescem musgos nos verdes dos periquitos
e de algas, poluem as barbas dos montes.
Das pedras resfolega lama
em seus ternos de líquens.
Narcisos bebem das prateleiras
dos córregos navegados de folhas.
Deságuo em mim!