sábado, 13 de dezembro de 2014

Poema dos 47 anos - III





De Quando Morri

Da primeira vez em que morri, vi meu povo chorar mentiras,
mas adivinhava-lhes as verdades dos pensamentos todos:
_ Já vai tarde, filho de uma...

As mãos em rigidez insistiam gestos obscenos
que ao povo meu constrangia e, se persignavam,
as beatas mais lascivas e putas. Quando morri  da primeira vez.

Sobre meu peito oco um cravo meio murcho
em cuja corola copularam besouros por mil vezes
gerando outras mil larvas.
Enterraram-me às pressas sob pilhas de papéis
e rostos de alívio de fim de expediente.
Mas, daí, a morte já não me cabia mais!
Desalojou-me.



2 comentários:

  1. lindo mais triste um abraço anjo lindo

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  2. Obrigado, Zélia Celina, a beleza está contida em tudo na vida, inclusive na tristeza, basta termos olhos sensíveis, como os seus, para enxergá-la.

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