Flores Silvestres. Foto: Francisco Ferreira.
É
Mentira, Terta?
Na
semana que passou, mais precisamente no sábado, comemorou-se o dia da mentira –
se é que se pode comemorá-la ou mesmo criar um dia em sua homenagem - e nos
leva a refletir sobre esta praga que assola a vida política de nossa Nação. Vi,
inclusive, várias manifestações nas redes sociais de pessoas querendo instituir
o dia 1° de abril como o Dia do Político Brasileiro. O monstro nazista Joseph
Goebells, ministro da propaganda de Hitler, disse que “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade” e proferiu nesta
frase uma grande verdade. E, para constatá-la, basta que busquemos na História:
todos os governos de todos os tempos e vertentes ideológicas sempre se
sustentaram em segredos de estado, omissões, mensagens sublinhares, censuras e
mentiras maquiadas em verdade. Contando com conivência e cumplicidade de grupos
dispostos a repetir, à exaustão, essas inverdades; levando em seu roldão a
opinião pública; haja vista a grande mídia, sempre aliada do poder. Assim como,
da mesma forma, agem os seus opositores. Só terá sobrevida aquele que mais
convencer, ou, no caso, mentir melhor.
A História também, sendo dama volúvel e ao serviço do
vencedor, reflete-lhe o pensamento e registra “a verdade” de acordo com a sua
ótica e ditames. E nesta empreitada cria mitos, gera heróis e vilões de acordo
com aquele que a escreve. Isto é uma constante invariável tanto na vida pessoa
e familiar, quanto na sociedade e nas nações. Razão porque a filosofia torna-se
fundamental no equilíbrio da balança, pois em sua função de questionar,
inquirir e averiguar e, em descobrindo a Verdade oculta atrás da meia verdade
exposta, destrói os mitos, totens e tabus.
O Direito tem entre seus pilares a máxima de que, a
ninguém, se lhe é exigido produzir provas contra si mesmo, instituindo-se portanto
o direito do réu de mentir em sua defesa, ou na termologia jurídica: “alguém que, na
condição de investigado, falta com a verdade para não se incriminar”.
Na Literatura temos a licença poética que nada mais é do que um engodo à
semântica, em nome da beleza ou realce de uma frase ou texto. Na religião, os
dogmas, convenções e mistérios se constituem em entraves à busca da verdade. Em
nossas vidas (pessoais, profissionais e, sobretudo, sociais) também já utilizamos,
em algum momento, deste subterfúgio – e atire a primeira pedra aquele que nunca
mentiu uma vez sequer -.
Mas quando se se torna um mentiroso compulsivo, quando a
mentira se institucionaliza como única base de sustentação pessoal ou nacional,
estaremos fadados ao fracasso total, pois em algum momento ela própria
destruirá toda a estrutura em seu derredor, uma vez que, sozinha não sobrevive,
necessitando de uma série de outras que lhe acobertem e reafirmem. E sempre
haverá uma falha, uma lacuna, uma aresta cujo rastro apontará para a verdade,
feito a agulha da bússola que aponta perenemente para o polo magnético do
norte.
E, se não acreditam em mim, afirmo-lhes que digo só a
verdade e que o “finado Tomé é
testemunha”. Podem lhe perguntar.
Publicação em minha coluna FIEL DA BALANÇA no blog OCEANO NOTURNO DE LETRAS - Rio de Janeiro (RJ)
http://oceanonoturnodeletras.blogspot.com.br/2017/04/coluna-fiel-da-balanca.html
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