segunda-feira, 17 de abril de 2017

Textos Publicados 2017 - 21 (N.° 457 - Ano III)


Gerânio. Foto: Francisco Ferreira.

Perplexidade



Nas últimas décadas parecia que a guerra fria havia se esfriado ou até mesmo se apagado; embora não seja segredo nenhum de que os interesses das potências mundiais no Oriente Médio não sejam, nem de longe, o Estado Islâmico, ou as ditaduras, nem as guerras civis ou a utilização de armas químicas, mas algo muito mais importante para o mundo: o petróleo e vivêssemos as guerras do Golfo, do Iraque, do Afeganistão; tínhamos a falsa sensação de paz. Nesta semana, diante de novos episódios, já podemos sentir o seu calor e esperamos com perplexidade e preocupação as cenas dos próximos capítulos. Vimos surgir uma inusitada família de bombas, formada pelas próprias e seus pais. E a nossa esperança de termos esperanças foram duramente bombardeadas.

Relembrando: após a Segunda Guerra, tendo sido amplamente vitoriosos Estados Unidos e a antiga União Soviética, era hora de criar uma nova ordem política, econômica e ideológica no mundo. E nesta nova ordem haveria de ter um líder.  De um lado a União Soviética socialista, de partido único, economia planificada, igualdade social e democracia duvidosa. Do outro os yankees capitalistas, de livre mercado, de propriedade privada e democrático – mas de uma democracia segundo a visão norte-americana, onde o que valia para os seus cidadãos, nem sempre valia para os cidadãos dos países cuja influência do Tio Sam, gerou um sem número de ditaduras -. Ambos iniciaram uma cruzada para cooptar países de economia e democracia mais fragilizadas mundo afora. Evitando o suicídio coletivo de uma guerra de fato entre as duas potências, trataram de fomentar um conflito ideológico e travar guerras em países sem o poderio nuclear dos protagonistas, como nos casos de Coreia e Vietnã.

Na década de 1980, com o recrudescimento do socialismo, a divisão da União Soviética e a queda do Muro de Berlim (1989), “cai o Rei de Ouros, cai o Rei de Paus, cai o Rei de Espada, cai... não fica nada”, e, por fim, o mundo respirou aliviado com o que parecia ter sido a extinção da Guerra Fria. O mundo se sentiu mais morno. E quase três décadas de semi paz.

Mas eis que as atitudes irresponsáveis de um milionário fascista, que por não ter tido uma infância saudável, ao que parece, quer agora brincar com os destinos do mundo, arvorando-se de xerife, começa a bombardear países soberanos pelo mundo, ao torto e ao direito, sob pretextos completamente dúbios. E, o mundo há de estar com suas barbas de molho, sobretudo países que detém recursos naturais em abundância como é o nosso caso (Floresta Amazônica, Aquífero Guarani, Pré Sal e etc.). Por qualquer motivo poderemos sofrer uma intervenção aberta – uma vez que já, de forma camuflada, já vem intervindo em nossa política interna há muito tempo, por trás da famigerada Lava Jato e seu herói, o Cavaleiro do Apocalipse de Curitiba, que, até hoje, pelo que podemos observar, só fez desestabilizar a Nação e criar mecanismo de escravidão para o nosso povo -. Independente da ideologia, temos de ter o espírito crítico de entender que há mais de um ano, o nosso país tem estado ingovernável, vivemos um período de perda de direitos fundamentais duramente conquistados e poderes completamente comprometidos. Somos uma democracia nova e frágil, um povo facilmente manipulável e sem nenhuma consciência política, que, com seu complexo de vira-latas, se acostumou a valorizar só o que vem de fora.

A Guerra Fria esquentou. Não há mais segurança num mundo onde quem tem as cartas na manga responde pelos nomes de Trump, Putin e outros de menor envergadura mas, não menos letais.

Uma semana de Paz e de menos preocupações para todo o mundo.  

Crônica publicada em minha coluna FIEL DA BALANÇA no blog OCEANO NOTURNO DE LETRAS - Rio de Janeiro (RJ), em 17/4/17.

http://oceanonoturnodeletras.blogspot.com.br/2017/04/perplexidade-nas-ultimas-decadas.html

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