Gerânio. Foto: Francisco Ferreira.
Perplexidade
Nas últimas décadas parecia
que a guerra fria havia se esfriado ou até mesmo se apagado; embora não seja
segredo nenhum de que os interesses das potências mundiais no Oriente Médio não
sejam, nem de longe, o Estado Islâmico, ou as ditaduras, nem as guerras civis
ou a utilização de armas químicas, mas algo muito mais importante para o mundo:
o petróleo e vivêssemos as guerras do Golfo, do Iraque, do Afeganistão; tínhamos
a falsa sensação de paz. Nesta semana, diante de novos episódios, já podemos
sentir o seu calor e esperamos com perplexidade e preocupação as cenas dos
próximos capítulos. Vimos surgir uma inusitada família de bombas, formada pelas
próprias e seus pais. E a nossa esperança de termos esperanças foram duramente
bombardeadas.
Relembrando: após a Segunda
Guerra, tendo sido amplamente vitoriosos Estados Unidos e a antiga União
Soviética, era hora de criar uma nova ordem política, econômica e ideológica no
mundo. E nesta nova ordem haveria de ter um líder. De um lado a União Soviética socialista, de
partido único, economia planificada, igualdade social e democracia duvidosa. Do
outro os yankees capitalistas, de livre mercado, de propriedade privada e
democrático – mas de uma democracia segundo a visão norte-americana, onde o que
valia para os seus cidadãos, nem sempre valia para os cidadãos dos países cuja
influência do Tio Sam, gerou um sem número de ditaduras -. Ambos iniciaram uma
cruzada para cooptar países de economia e democracia mais fragilizadas mundo
afora. Evitando o suicídio coletivo de uma guerra de fato entre as duas
potências, trataram de fomentar um conflito ideológico e travar guerras em
países sem o poderio nuclear dos protagonistas, como nos casos de Coreia e
Vietnã.
Na década de 1980, com o
recrudescimento do socialismo, a divisão da União Soviética e a queda do Muro
de Berlim (1989), “cai o Rei de Ouros,
cai o Rei de Paus, cai o Rei de Espada, cai... não fica nada”, e, por fim,
o mundo respirou aliviado com o que parecia ter sido a extinção da Guerra Fria.
O mundo se sentiu mais morno. E quase três décadas de semi paz.
Mas eis que as atitudes
irresponsáveis de um milionário fascista, que por não ter tido uma infância saudável,
ao que parece, quer agora brincar com os destinos do mundo, arvorando-se de xerife,
começa a bombardear países soberanos pelo mundo, ao torto e ao direito, sob
pretextos completamente dúbios. E, o mundo há de estar com suas barbas de
molho, sobretudo países que detém recursos naturais em abundância como é o
nosso caso (Floresta Amazônica, Aquífero Guarani, Pré Sal e etc.). Por qualquer
motivo poderemos sofrer uma intervenção aberta – uma vez que já, de forma
camuflada, já vem intervindo em nossa política interna há muito tempo, por trás
da famigerada Lava Jato e seu herói, o Cavaleiro do Apocalipse de Curitiba,
que, até hoje, pelo que podemos observar, só fez desestabilizar a Nação e criar
mecanismo de escravidão para o nosso povo -. Independente da ideologia, temos
de ter o espírito crítico de entender que há mais de um ano, o nosso país tem
estado ingovernável, vivemos um período de perda de direitos fundamentais
duramente conquistados e poderes completamente comprometidos. Somos uma
democracia nova e frágil, um povo facilmente manipulável e sem nenhuma
consciência política, que, com seu complexo de vira-latas, se acostumou a
valorizar só o que vem de fora.
A Guerra Fria esquentou. Não
há mais segurança num mundo onde quem tem as cartas na manga responde pelos
nomes de Trump, Putin e outros de menor envergadura mas, não menos letais.
Uma semana de Paz e de menos
preocupações para todo o mundo.
Crônica publicada em minha coluna FIEL DA BALANÇA no blog OCEANO NOTURNO DE LETRAS - Rio de Janeiro (RJ), em 17/4/17.
http://oceanonoturnodeletras.blogspot.com.br/2017/04/perplexidade-nas-ultimas-decadas.html
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