quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Textos Publicados 2017 - 057 (N.º 593 - Ano IV)



Causos do Anedotário Mineiro





“O que agrada moça é carinho e o que agrada velho é café.” (Tião Carreiro e Pardinho, in DITADO SERTANEJO)





O mineiro, especialmente o do interior, é um poeta por excelência. Nosso anedotário e causos são sempre recheados de poesia e uma boa dose de filosofia também. Um exemplo disso é a queixa que aquele solteirão fazia quando via um magote moças:


“Quanta mandioca prantada


E tanta farta de farinha,


Tanta moça prendada


E meu facão sem bainha.”





Ou daquele tropeiro que chegando ao pouso - no tempo em que haviam pousos e tropeiros – ao verem belas meninas na janela, rapa a goela para empostar a voz e recita:


Pranta, cói e limpa


Torra, soca e coa


O café da morena


É que é coisa boa.”


As meninas, não gostando da poesia, ousadia ou da cara do infeliz tropeiro, respondem à altura:


“Torra merda


E soca bosta,


Que é disto


Que tropeiro gosta.”





Daquele senhor já avançado em anos e problemas eréteis, reclamando da vida da dura, ou antes, da falta de rigidez:


“Quando eu era frango novo


Comia mío na mão.


AI! Hoje sou galo véio


E bato com o bico no chão.





Beber é uma arte quando o sujeito é de fato um apreciador da branquinha e de mão no copo o levanta à altura dos olhos e declara seu amor:


“Felizbina, Felizbela


Moça bonita e bela.


me joga na poera, danada!


Mas eu te jogo na goela.”





Uma excelente semana a todos com amor e poesia.  



Publicação semanal em minha coluna FIEL DA BALANÇA do blog OCEANO NOTURNO DE LETRAS - Rio de Janeiro (RJ), em 25/9/17.


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