Ipezinho. Foto: Francisco Ferreira.
Ceifador
O espantalho do outro
lado do espelho
enlaça-me em abraços
de feno
e bailamos sobre
cabeças de gelo
na Stalingrado
arrasada.
Meu cérebro de capim
capta em antenas de
vespas
vestais de Atenas
em pensamentos de
flor e mel.
Minhas más intenções
balouçam
como folhas no vale
das pirâmides
a conceber cartadas
de amor.
Num horizonte de
pedra e pólen
o orvalho matinal
prenuncia
dias de sol, doiradas
farturas.
Saldamos as dívidas
mútuas
no sal de Ló, à
entrada de Gomorra,
para que limpos
adentremos o submundo
num ajuste final com
Hades
que nos permita
vermos no olho
das tecelãs do
Olimpo.
E não nos faltem amor
em grãos
espigas de paz, na
farta seara de bênçãos
das estações que se
avizinham.
Antes que as valquírias
nos colham,
aos pedaços, do
interior de Cronos.
Classificado para a revista OCEANOS – vol. 9 – da Sociedade Mundial dos
Poetas e Café com Poesia (São Paulo – SP), em 16/6/17.
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