Ceifador
O espantalho do outro
lado do espelho
enlaça-me em abraços de
feno
e bailamos sobre
cabeças de gelo
na Stalingrado
arrasada.
Meu cérebro de capim
capta em antenas de
vespas
vestais de Atenas
em pensamentos de flor
e mel.
Minhas más intenções
balouçam
como folhas no vale das
pirâmides
a conceber cartadas de
amor.
Num horizonte de pedra
e pólen
o orvalho matinal
prenuncia
dias de sol, doiradas
farturas.
Saldamos as dívidas
mútuas
no sal de Ló, à entrada
de Gomorra,
para que limpos
adentremos o submundo
num ajuste final com
Hades
que nos permita vermos
no olho
das tecelãs do Olimpo.
E não nos faltem amor
em grãos
espigas de paz, na
farta seara de bênçãos
das estações que se
avizinham.
Antes que as valquírias
nos colham,
aos pedaços, do
interior de Cronos.
Classificado para a antologia Frutos de Um Jardim 2 - de Pontes
Antologias - organização Lenilson Silva, em 1º/10/17.
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