Por do Sol. Foto: TLGMorais
Lobo em Pele de Poeta
Peles de poetas não me servem
Frágeis como a aurora, elas
são.
Quero a couraça do guerreiro
Ando vexado, procurando
emprego.
Quem sabe, a burra cheia e o
bucho,
Possa rabiscar uns versos
Poluídos de chãos de fábricas
e fuligens
Destes tempos industriais,
Talvez destas linhas tímidas
Desatem uma segunda revolução
De proletários inspirados e de
macacões.
Peles de cordeiro? Também não
Agrada-me mais a mandíbula de
asno
Não obstante a calvície
Que inviabiliza o Sansão em
mim
E estes músculos flácidos de
pouca fé.
Ando temeroso de guerras
contra filisteus
Procurando a paz, mesmo que
inglória.
Antes o covarde vivo, que
valente e não.
Quiçá esta retirada individual
Permita a paz da coletividade.
Mas a pele de lobo, esta sim,
me serve
Disfarça o lobisomem em mim.
Até que a lua cheia o
denuncie...
O que há com o homem moderno
Que sua própria pele não
basta?
Classificado para a antologia PERDIDAMENTE (vol. II) do GRUPO MÚLTIPLAS HISTÓRIAS EDITORIAL de Lisboa (POR) em 16/3/17.
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