domingo, 28 de dezembro de 2014

Participação em Antologias - III



Estação das Chuvas

Está chovendo de desbotar urubus,
as águas escarnecem de lodos, os dias
e os rios, atolados até o pescoço,
nos desvãos dos barrancos.
Garças colhem peixes nos altos
galhos das ingazeiras flutuantes.
Sabiás cantam litanias às avessas
pedindo sol e aragem na ferrugem
branca das serras de além de...
Na casca da lua germinam estrelas
para derramarem-se vaga-lumes
sobre o assoalho das nuvens e ventos.
Crescem musgos nos verdes dos periquitos
e de algas, poluem as barbas dos montes.
Das pedras resfolega lama
em seus ternos de líquens.
Narcisos bebem das prateleiras
dos córregos navegados de folhas.

Deságuo em mim! 

domingo, 14 de dezembro de 2014

Poema dos 47 anos - IV


Foto: www.pensamentoverde.com.br

Cão Danado

Não é que subestime tuas intenções malignas
é que desdenho prazeres fáceis e perigos.
Sou mesmo assim: covarde.

Não me prives das substancias proibidas
deste amor que me leva ao delírio
dos homens puros.

Não me negues teu corpo por três vezes
na segunda já parti para outra.
Explico: à noite, todos os gatos são pardos,
até á meia noite. Depois viro bicho.

Cão danado, vadio.

sábado, 13 de dezembro de 2014

Poema dos 47 anos - III





De Quando Morri

Da primeira vez em que morri, vi meu povo chorar mentiras,
mas adivinhava-lhes as verdades dos pensamentos todos:
_ Já vai tarde, filho de uma...

As mãos em rigidez insistiam gestos obscenos
que ao povo meu constrangia e, se persignavam,
as beatas mais lascivas e putas. Quando morri  da primeira vez.

Sobre meu peito oco um cravo meio murcho
em cuja corola copularam besouros por mil vezes
gerando outras mil larvas.
Enterraram-me às pressas sob pilhas de papéis
e rostos de alívio de fim de expediente.
Mas, daí, a morte já não me cabia mais!
Desalojou-me.



sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Publicação em Outros Blogs - I - Blog "e daí?!"


Foto: do autor

Aves Tristes

Rebrilham nesta lua
um empréstimo de saudades
e tristezas tolas, tolas.
Toscas correntes
que trancam nossos peitos
em amores de porvir e devir
num derredor de ais
não ditos, insuspíraveis que são.
Um bolo amargo
desenha-se na garganta,
lagriminhas
miúdas de olhos ausentes,
afanados prantos
de escorrer, em cascatas,
poesias dúbias...
Que olhos teimosos,
aflitas aves de migração revés
que, menos te vêm,
mais te desejam.

http://edai7.blogspot.com.br/2014/12/aves-tristes.html 

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Poema Classificado XXII


Foto: do autor

Um Conto de Fadas

Bruxas não me causam temor
porque as sei todas queimadas,
o que me arrepia de fato
são as mulheres lindas
feito fadas fátuas.

São meu maior horror
as mulheres fatais
de sexos frígidos
e bocas vazias de palavras e coração.

São elas, as musas, beldades
harpias que nos enfeitiçam
e envenenam.
De tão néscias que são
atiram-se de prédios
e a frente de trens.

Tomam venenos em cálices de cristal.

Classificado para edição no Prêmio Cultural "O Feiticeiro das Letras" da Academia Alquimia, novembro/2014.


sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Classificado para a antologia da Academia Alquimia de Letras - 2014




Foto do autor




Ufa... Conseguimos com êxito julgar nada mais do que os melhores trabalhos já recebido pela Academia Alquimia, que a cada ano ela vem surpreendendo nós pela ótima qualidade dos candidatos.Nós recebemos ao todo a quantia total de 1.256 trabalhos, imaginem que ao redor do globo de vários países, também a participação dos autores em massa no Brasil.Nós da Academia Alquimia das Letras, agradecemos por todos os autores que mostraram e brilharam com suas lindas obras que chegaram para nós.Eis aqui o tão esperado e aguardado o resultado...

Em ordem alfabética os autores que terão as suas obras publicadas no próximo livro da Academia Alquimia, O Feiticeiro das Letras:

FRANCISCO PETRÔNIO F. DE OLIVEIRA- BRASIL

http://academiaalquimiadasletras.blogspot.com.br/2014/11/resultado-oficial-do-premio-cultural-o.html 


segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Amigos que Escrevem - IV



Rosa

Todos os dias Rosa descia as ladeiras
do nosso bairro Serra para trabalhar.
Êta Rosa faceira, mulata ligeira
que tanto encanto levava e trazia
com o seu caminhar.
Por que será que as Rosas são  tão belas
quanto a flor que leva o seu nome?
É pura coincidência ou existe mistério nisso?
Por que será que as rosas exalam um tão bom perfume?
Esta Rosa de quem falo exalava o bom perfume de Cristo.
Tão meiga, tão gentil, amiga e companheira.
Podia-se esperar sempre uma pergunta direta,
uma resposta sensata ou um calar persistente.
Rosa, nas horas da agonia,
com sua doce mania de me fazer sorrir.
Que saudades que tenho da Rosa,
essa flor está faltando no meu jardim.

Maria Ubalda Ferreira Lima - poeta natural de Pirapora(MG), radicada em Brasília, pretende graduar-se em Letras, ama a vida e a literatura.
 

domingo, 9 de novembro de 2014

Participação em Antologias - II



Capa da Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - 116 - da Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE) - Rio de Janeiro (RJ) - de setembro/2014 - com o poema: Quebranto.

http://www.camarabrasileira.com/apol115-019.htm 

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

III Concurso de Poesias Autores S/A - Poema da Repescagem


Foto: Flores de Cacto (do autor)

(Tema: Mulheres de Chico)

À Rita, com Amor

É pra lá, além, que navegam meus pensamentos,
amor em estado gasoso,
desde que fluidificaste em saudade
virada em assombração boa e sumiste na chaminé das noites
em estradas de estrelas apagadas.

Firo-me e me refiro nos muros que a ausência tua
planta nos quintais de minha vida.
Choco-me, ave tonta, contra eles
arrebento-me de peito e alma em estilhaços de saudade.

Porém redimo-te pela dor do meu sexo e violão jejunos,
meu canto inconcluso, o disco do Noel
e a vida plena de sua ausência.

Só não lhe perdoo a tortura de frases ditas
sem serem jamais pronunciadas ou sequer ouvidas,
perdidas nos anos que mos levaste, deixando-me só.

 David Cohen: O poema poderia ter maior intertextualidade com a música de Chico. Os versos muito longos comprometeram o ritmo do poema.
NOTA: 6

Rodrigo Domit: Os pronomes e tempos verbais estão me incomodando como uma colher no compartimento dos garfos incomoda alguém com TOC - Eis aqui um atestado de minha subjetividade de julgamento. Os “te”, “me”, “lhe”, “aste”, “este” me dificultaram a leitura. Tem imagens interessantes, mas acho que uma boa lapidação nos (meus) transtornos poderia tornar esta obra mais ritmada e convidativa à leitura.
NOTA: 7,9

Paulo Fodra: Tirando a breve citação ao disco de Noel, é muito difícil identificar aqui a Rita de Chico. Talvez por isso tenha ficado com a impressão de que as imagens não “decolam” ao longo do poema.
NOTA: 8,5


 http://autoressa.blogspot.com.br/2014/11/resultados-das-oitavas-de-final-e.html

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Participação em Antologias - I



Capa da Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - 115 - da Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE) - Rio de Janeiro (RJ) - de agosto/2014 - com o poema: Suicida.

http://www.camarabrasileira.com/apol115-019.htm 

domingo, 2 de novembro de 2014

III Concurso de Poesias Autores S/A - Duelo III - Fase de Grupos



(Tema: Imagem)

Xeque-Mate

A cada dia igual
aperto os parafusos que me sustêm a máscara.
Escamas de culpas
obstruem a visão de tardia fênix .
Minha atiradeira em repouso, funda calada.
Assim estou Excalibur embainhada na pedra.

De dedos tortos
A sorte já preDESTINOu as pedras do jogo:
Ganham as pretas.

Susanna Busato: O poema necessitaria ser mais trabalhado. A imagem de “Excalibur” não encontra referência no que vem em seguida no poema, tampouco na imagem da “Fênix” que a antecede. Há uma vírgula separando sujeito do verbo, não se percebe um efeito nesse desvio da regra.


Luís Henrique Pellanda: A imagem do poeta como Excalibur embainhada na pedra é excelente, e podia ter se desenvolvida de alguma maneira. Mas a expectativa não se cumpre, e o poema termina meio solto, hermético demais, enigmático demais. A referência à Fênix, por exemplo, é outra coisa que não se conclui, que não fecha. No final o “destino” em caixa alta, destacando-se da palavra “preDESTINOu”, é um recurso desnecessário. E há que se ter cuidado ali com o título, em que está faltando o hífen.

http://autoressa.blogspot.com.br/search?updated-max=2014-10-30T17:59:00-02:00&max-results=30

sábado, 1 de novembro de 2014

Poema dos 47 anos - II


socialspirits.com.br   

Amares

O amar é caçada às cegas
onde o ser se desvanece,
é como banhar-se no escuro:
o corpo não se reconhece.

É dividir-se em dois
e em um multiplicar-se.
Contraindo-se num só,
de novo, em dois dilatar-se.

Em ermos amares trilhei
caminhos de minha vida
 a dor da solidão cicatrizei
abrindo mais a ferida.

Chorando em sua chegada, 
sorrindo na despedida!

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Conquistas Literárias 2014



Mais do que um livro, o Panorama Literário Brasileiro é um documento histórico. Ele registra as melhores poesias inscritas para as seletivas da CBJE (Câmara Brasileira do Jovem Escritor) durante nosso ano editorial (período outubro 2013/setembro 2014). Neste ano, como no ano passado, a seleção das obras ficou a cargo dos Acadêmicos do 1º Colegiado de Escritores Brasileiros, órgão executivo da Litteraria Academiae Lima Barreto, 
no Rio de Janeiro.


Poema: Suicida


domingo, 26 de outubro de 2014

III Concurso de Poesias Autores S/A - Duelo II - Fase de Grupos



http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quais-foram-as-torturas-utilizadas-na-epoca-da-ditadura-militar-no-brasil

(Tema: Ditadura Militar)

Deportação

Falas de vidro estilhaçadas
abrem portas, criam vácuos
para a tortura se aninhar.

Aves de rapina
sobrevoam mentes e corações
cassando-os,  sustentam-se deles.

Harpias fecundam ovos goros
construindo teias no entrelace de suas presas
(m)atam-nas em masmorras.

Ventos de chumbo desfazem
as tramas da bandeira
de fio em fio, levam de mim, a Pátria.

Para longe...

Paulo Fábrio: Não gosto do término com reticências, o simples uso do recurso não leva o leitor adiante. No penúltimo verso, quem é o sujeito do verbo “leva”? Talvez haja um problema de concordância.


Chico Lopes: Metáforas previsíveis. Pouca força.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

III Concurso de Poesias Autores S/A - Duelo I - Fase de Grupos



www.colegioweb.com.br

Participação na I Rodada da Fase de Grupos (H) do III Concurso de Poesias Autores S/A:

(Tema: Professor)


Construtora de Destinos

Era só o que trazia:         
as minhas mãos vazias
e o coração em plenitude do nada.

Ligeiras as tuas mãos
à minha, guiaram em linha reta
expurgando dúvidas.

De tua língua em nossa Língua
toda fala pareceu poemas
era beijo, simplificado no sabor da palavra.

Ensinaste –me  a sonhar em alto relevo,
escrever em voz alta
tramas de minhas tessituras desconexas.

Sovaste a minha massa crua de cidadão-crisálida
e proclamaste (como no Gêneses): “Fiat lux!”
Fez-se.
E, muito do que sou é obra tua, minha primeira professora!

Comentários:

Luize Valente: O poema cumpre o tema proposto e, embora não apresente uma preocupação formal, sugere imagens de especial beleza da relação entre uma professora e um aluno, com interessantes usos da metáfora. Uma sugestão: suprimir o último verso, uma vez que nada acrescenta e, pelo contrário, traz um tom infantil desnecessário, destoante do resto da obra. 

Luis Maffei: Poema ingênuo, que consegue criar certa sinestesia, mas que se conclui de maneira abrupta e previsível.
***
“Banquete”
Revoadas de cupins
anunciando boa chuva.
Sapos se regalam.

Nota: 02 (em 5)


Comentário: Edson Kenji Iura  Os dois versos iniciais anunciam o fenômeno natural e o augúrio do observador humano. Mas o terceiro verso estraga tudo ao anunciar uma relação de causa-efeito. A métrica está irregular.

http://autoressa.blogspot.com.br/

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Poema Classificado XXI


nerdwayoflifegroup.blogspot.com

Golpe Seco

A dor desafia a mente
desafiadoramente.

Dez afiam a faca.
Cortam rente.

Valha-me Deus

e a navalha.


Classificado no Prêmio Literário Galinha Pulando 2014 - Salvador (BA) em outubro/2014

http://galinhapulando.blogspot.com.br/2014/10/premio-literario-galinha-pulando-2014.html

domingo, 12 de outubro de 2014

Poema Classificado XXI


obviousmag.org

Sólidos

No tempo das’águas, no em antes,
do ano passado
andei quase a virar passarinho.
Um átimo da minha vocação
de borboleta ou morcego foi que faltou.
Desvoei!

Mas meu medo de menino,
medo ancestral da queda, amoleceu-me.
Desdesenhadas minhas asas tortas
recolhi as penas e a pena.
Despoetei-me!

Arrasto-me lagarto desde então.
Encarmujei minhas vontades
e liberdades receosas. Parado no ar
caindo de pedra e chumbo,

Gravitacionei.

Classificado para a antologia VOZES DE AÇO - XVI do XIV Concurso Nacional PoeArt de Literatura 2014 (Poemas)