Reconhecei-vos
uns aos Outros
Não há nada que doa tanto
quanto não termos reconhecidos os nosso trabalhos, esforços e potencialidades.
Penso, inclusive, que seja isto um fator que faz perder muitos bons artistas,
mundo à fora. Quando isto se dá na infância, corremos o risco de nos tornar
preguiçosos, relapsos, desatentos e procrastinadores. Sobretudo nesta fase precisamos do
reconhecimento, apoio e daqueles “parabéns”,
“muito bom”, e “você brilhou”. Talvez seja por isto que alguns professores atentos
o façam de forma exaustiva.
Na adolescência há dois
momentos bem distintos. Num primeiro, em que a rebeldia própria da idade nos
faz contestar e em que o ser “desaprovado”
– principalmente por pais, professores, familiares – nos aquece este sentimento
e mandamos todo o mundo “às favas”,
felizes por estarmos “causando”! Em contrapartida, num segundo momento,
sentimos de forma plena e urgente a necessidade de aprovação. Lembro-me bem de
quando esbocei meus primeiros versos e da ânsia visceral de mostrá-los e
receber a aprovação aos mesmos. Neste estágio fundamental da formação de nosso
caráter, muitos bons poetas se trancam, e à suas obras, nas gavetas da
insensibilidade dos que os cercam.
Já na fase adulta carecemos
também da benesse do afago no ego, do sentir-se valorizado em família, no
trabalho e no grupo. Se não se tem este valor reconhecido, tendemos a nos
deprimir, nos tornarmos amargos, brutalizados e propensos a fazer nossos
trabalhos de forma automática e desatenta e corremos o risco - em alguns casos
- de nos acidentarmos ou acidentar aos
outros.
O reconhecimento é algo tão
simples e, ao mesmo tempo, tão expressivo que deveria ser objeto de um estudo à
parte, uma disciplina curricular para que fosse treinado exaustivamente. Simples,
uma vez que nos custa muito pouco. Por exemplo: elogiar o tempero da empregada
doméstica que nos prepara a comida, o bom trabalho do rapaz do lava à jato em
seu cuidado com o nosso automóvel ou á fineza do porteiro ou ascensorista
(ainda existem?). Não podemos viver “bitolados”
pela máxima de que “não passa de sua
obrigação” ou de que “são pagos para
isto”. Reconhecer o valor e o
esforço de outrem, muitas vezes, é de tudo o que aquela pessoa precisa, naquele
dia, para sentir-se um pouco maior do que é. Mais útil. Fundamental mesmo.
Feito a história daquele anão bem-dotado que depois de uma vida olhando para os
outros de uma posição inferior tem seu momento de superioridade diagonal.
http://oceanonoturnodeletras.blogspot.com.br/2017/01/coluna-fiel-da-balanca_9.html
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