Quem
Ama a Terra não Erra
Muito feliz seria o povo que
antes da educação formal, instruísse suas crianças de que, tão importante
quanto o livre-arbítrio – premissa pedagógica de quem ama de forma igualitária
a si e aos seus iguais - seria o cuidado com a Terra. Ela que nos recebe em
nossos primeiros choros e que, até o choro derradeiro – não mais o nosso, mas o
de quem nos ama – nos sustenta, quer seja como amparo, quer seja como fonte de
nutrientes necessários para a manutenção da vida. A mãe Terra. Mãe, irmã,
amante. Torná-la tão limpa, tão carinhosamente cuidada e cultivada, que poderia
ela própria servir de alimento.
Há uma piada aqui no interior
de Minas que diz que “ a Providência
criou o mundo e o diabo dividiu, deu títulos de propriedade e ainda emprestou o
dinheiro para as cercas”. E há de ser mesmo um ato diabólico o de querer
possuir algo que deveria ser de propriedade comum. Observamos as comunidades
indígenas menos afetadas pela influência do homem “civilizado” e percebemos o
quanto são ricos em qualidade de vida, desconhecendo depressão, insônia,
conflitos, disfunção erétil, crises existenciais, homofobia, violência sexual e
outros males que nos assolam. Mas estes seres iluminados pela Mãe Natureza não
se “adonam” de nada, não tem
propriedades privadas, tudo é de todos e para todos. Não se servem de nada,
antes são servos da natureza.
Aqui na civilização discutimos
os “ismos”, nos dividimos entre
capitalismo, socialismo, comunismo. Nos matamos por eles e nenhum deles resolve
os nossos problemas de desigualdade social e de distribuição de terras e
rendas, pois o pior de todos os “ismos”
contamina e infecta quaisquer daqueles sistemas: o egoísmo. Enquanto os nossos
irmãos tidos por muitos como selvagens, vivem o socialismo puro e natural:
terra, florestas, rios e até as ocas são para o sustento e abrigo de todos, com
igualdade.
Existe também um ditado que
diz que “quem compra terra não erra”,
erro crasso, pois, quem ama, respeita, cuida da terra é que, de fato, não erra.
Confesso ser um feliz proprietário de um lote de terra, onde finquei a minha
casa, planto as minhas árvores e jardim e cultivo minha família na observância
atenta de que devemos devotar à mãe Terra amor e respeito profundos, mantendo a
saudável, e, em contrapartida, ela nos manterá também sãos de corpo e de mente.
E não preciso de mais nada, além de uns poucos quilos dela, de quando em vez,
para plantar mais alguns vasos. Mas, numa sociedade de consumo e valoriza
sobremaneira o ter, eu ando na contramão, sou considerado como mais um
lunático, visionário e louco. No entanto me sinto muito bem com minha loucura
incurável aqui no mundo da lua.
10º lugar no VI CONCURSO DE INTERPRETAÇÃO DO BLOG INTERPRETANDO IDEIAS - em 1º/1/17.
http://interpretando-ideias.blogspot.com.br/2017/01/resultado-do-6-concurso-de_1.html
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