Trabalhinho da turma de 1º ano (professora Betânia) da EE Daniel de Carvalho. Foto: Francisco Ferreira.
Décimas de Cordel
I
Acordo ainda com medo
De arrepiados cabelos,
Cativo de pesadelos,
Mas mantenho-os em segredo.
Na estrada me ponho cedo,
Pés ligeiros, vou calado
Em meu viver desgarrado.
E para obter livramento
Pus no mar do esquecimento
As coisas do meu passado.
II
Tinha nos tempos de antanho
Liberdade vigiada,
Toda imprensa amordaçada
E pensamento tacanho;
Foi dum sofrer sem tamanho.
Ver povo manietado,
De coração embargado
Com choro, dor e lamento,
Pus no mar do esquecimento
As coisas do meu passado.
III
Crepita a lenha sequinha
O café já fumegando.
No tacho a banha chiando,
Ovo frito com farinha,
Salsa, coentro e cebolinha,
Carne, batata e feijão.
As ferramentas à mão,
Roceiro, a Deus, agradece.
É assim quando amanhece
Nas quebradas do sertão.
Publicado na Revista eisFluências – n.º 47 – Ano VII – Editora Fênix – Organização: CARMO VASCONCELOS – pag: 21, em 26/6/17.
http://www.carmovasconcelos-fenix.org/revista/eisFluencias/47-Jun17/eisFluencias_Jun_2017_7_47-21.htm
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