terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Textos Publicados 2017 - 13 (N.° 424 - Ano III)


Flores Silvestres. Foto: Francisco Ferreira.

Escritores ou Poetas?



Ainda hoje lendo Poema Sujo de Gullar – obra primíssima, se é que me é permitido utilizar deste superlativo sem ferir de morte a língua de Camões, Machado e Mia Couto – peguei-me conversando com os botões de minha camiseta sem botões sobre: o que é ser poeta? O que diferencia poeta de escritor? Existe, de fato, esta diferença? E em existindo a diferença, será um maior do que outro? Daí lembrei-me de um ferrenho debate travado em um grupo de escritores de que faço parte no whatsapp acerca de o ser ou não ser poeta. De uma lado, contistas, cronistas e romancistas ressentidos de serem tratados de forma inferiorizada por aqueles que escrevem poemas e, do outro, os tais poetas. Como tenho dificuldades de me autodenominar escritor – já que não vivo de literatura – encontrei-me perdido, em meio àquele debate, como cego sem guia em terreno desconhecido; preferindo, portanto, recolher-me à minha insignificância poética e acompanhar, numa distância segura, o embate entre tantos mestres. Ao final, dado que não se chegava a acordo nenhum que contemplasse as duas vertentes, convencionou-se a denominação comum a todos: escritores. E assinou-se o armistício. O que incomodou-me e ainda incomoda pelo fato já explicitado anteriormente.

Também aconteceu de ler um belo texto de A. C. Costa Ferraz, que veicula no facebook, sobre as dificuldades com que temos de conviver no dia-a-dia por sermos escritores e portanto, taxados de loucos, sonhadores e visionários. E das perguntas que, inevitavelmente, sempre ouvimos: por que? Para quê? Para quem? – Como se, para sermos escritores profissionais ou não, famosos ou anônimos; tivéssemos de pedir habeas corpus, habeas data e termos álibis comprovados por pelo menos 5 pessoas idôneas e de notável saber e notória fé pública.  E da nossa timidez em nos declaramos escritores e de não raras vezes isto soar, para nós, como desculpas e para os outros, como heresia – daquelas que deveriam ser punidas com a morte na fogueira -. Feito se enfrentássemos um tribunal de inquisição em cada esquina.

Claro está que todo poeta é escritor, de que nem todo escritor é poeta e, ao meu olhar de leigo, de que nem todo aquele que escreve poemas, poeta seja. O filósofo português, quase contemporâneo, Agostinho da Silva (1906 - 1994) diz que “um homem não nasceu para trabalhar, nasceu para criar e ser poeta à solta” e que “todo o homem tem potencial para ser poeta à solta, significando poeta, atividade de criação, em qualquer área”. Sendo, portanto, poeta o homem que faz de sua vida uma profissão de fé na busca infatigável da criação de poemas – de quaisquer naturezas - de exaltação à vida, aos bons e nobres sentimentos e aos atos cotidianos que propiciem a criação efetiva desta obra.

Partindo de mim que sou pouco mais de um escritor medíocre lutando contra as vicissitudes no afã de me tornar poeta razoável, entendendo poeta como o ser que busca a igualdade absoluta entre os seres; o respeito ao direito e à liberdade; a grandeza no pensar, escrever e agir e na construção de um EU mais humano em cada novo dia. Que o seja, afinal somos muitos escritores, mas, infelizmente, pouquíssimos poetas – daqueles que trabalham na vida e nas letras no desenvolvimento de um mundo melhor de se viver. Que nos esforcemos diuturnamente para sermos poetas, seja em quaisquer atividades que executemos.

Publicação da semana no blog OCEANO NOTURMO DE LETRAS (Rio de Janeiro -  RJ) – Coluna: FIEL DA BALANÇA .

http://oceanonoturnodeletras.blogspot.com.br/2017/02/coluna-fiel-da-balanca_27.html 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Poemas Publicados 2017 - 004 (N.º 423 - Ano III)

Flor Silvestre. Foto: Francisco Ferreira.

Dádiva da Fé


Em prol de suposta felicidade
fronteiras, limites desconheci;
códigos, normas desobedeci,
cultuei mentiras, desdenhei verdade...


Em nome de pseudo-saciedade
a minha vida, de então, investi;
existência esta que eu quase perdi, em
frívolos favores, futilidades...


De vacilo em vacilo fui passando
e desse diário em si, quase desisto,
felicidade, se distanciando...


Parei. Pensei! O que procuro será isto?
Ver a minh’alma se deteriorando;
quando feliz de verdade, só em CRISTO?

Publicação da semana (nona) no blog Dias d’oje (Lisboa – POR) – Coluna: REFLAXÃO DA SEMANA em 26/2/17.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Poemas Publicados 2017 - 003 (N.º 422 - Ano III)


Poças. Foto: Francisco Ferreira.

Desalento

No teu leito de esgoto
fluxo fétido e constante, é raro alterar-se
em tuas margens, fluxos outros
correm céleres, desaceleram... até parar.

Buzinas marginais
rascam imundícies íntimas
acordando fantasmas de peixes
assustando ratos.

Desce lento, Rio Morto
rio esgoto e sem portos
trilha sertão-via-mar.
Em afluentes te purificas
oxigenando-te o vagar.
Vargens, pontes, vagalumes
até as vagas do mar.

Vai-te embora Doce, Manso
Velho Chico, Paraopeba...
Vai-te embora te lavar.

Publicação na revista ESCRITORES – n.º 267 – Ano XXIII – do CLUBE DE ESCRITORES DE PIRACICABA (SP) – pag. 25 – col.01 - em 21/2/17. 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Textos Publicados 2017 - 12 (N.° 421 - Ano III)


Ponte sobre o Córrego do Ginásio (Conceição do Mato Dentro - MG). Foto: Francisco Ferreira.

À Espera de Milagres



“Vendo, pois aqueles homens o milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo.” (Jo 6 – 14) Esta passagem do evangelho de João, mesmo depois de 2000 anos, continua atualíssima. Uma vez que nós, feito os homens que assistiram in loco ao milagre, ainda precisemos deles para crer. Ora, se nos é tão necessário o milagre para que creiamos, então que observemos os milhares deles que são operados em nossas vidas, em todos os dias.

Começamos por analisar o simples fato de acordar, quando muitos irmãos não têm esta mesma oportunidade, deitam-se, e o Senhor os chama para Seu convívio, ainda durante o sono. Após acordarmos temos o milagre da locomoção, sem carecermos de nenhum aparelho, ou prótese ou mesmo da ajuda de terceiros. Simplesmente somos objeto de um milagre maravilhoso: o ter aprendido a andar de forma ereta, podermos caminhar e com facilidade chegar ao nosso objetivo. E deste momento em diante, vão se desenvolvendo mais e mais “pequenos” milagres em nosso dia, pequenos por serem de ordem natural, mas extraordinários para aquele que não dispõe dos mesmos em sua vida.

E àqueles a quem falta estes pequenos milagres o Altíssimo providencia outros, como a inteligência de que dotou ao homem e que o permitiu criar artefatos que propiciam o locomover, àquele que não é capaz de fazê-lo de forma natural, sem ajuda. Ou, de outra forma, coloca na vida destes irmãos, seres do bem e de coração piedoso que os ajudam em suas necessidades. Não são, também estes, pequenos milagres?

Se bem pensássemos não precisaríamos de grandes milagres para crermos e sermos totalmente gratos à Providência, uma vez que pequenos, mas imprescindíveis milagres, são operados em nossa vida cotidiana a todo o tempo, e que nos passam despercebido. Pena é, que a noite, quando vamos nos recolher e gozar de mais um milagre que é o sono que repara, revigora e nos permite recomeçar tudo no dia seguinte, ainda não bendizemos devidamente ao nosso Deus e, muitas vezes, nos sentimos frustrados e zangados com Ele, por não termos assistido àquele milagre épico, extraordinário e colossal que mudaria completamente a nossa vida. Nos recolhemos em nossa ingratidão e mágoa, para no dia seguinte, nos beneficiarmos novamente daquele rol de pequenos milagres que nos permite viver.  E, assim, levamos ao termo a nossa existência terrena, vendo e sentindo centenas de milhares de pequenos milagres em todos os dias de nossas vidas, sem os quais esta vida não seria possível e esperando, decepcionados, aquela manifestação que, provavelmente, nunca assistiremos.

Conclamo-vos a observarmos os pequenos milagres que se sucedem em nossa vida diária e observemos todos os outros que se passam a nossa volta, que sejamos infinitamente gratos ao Criador e deixemos de esperar grandes acontecimentos para crer e agradecer a onipresença divina. Que tenhamos uma semana de pequenos milagres e, quem sabe, não sejamos dignos de presenciarmos verdadeiras e extraordinárias façanhas de nosso Pai e possamos ouvir da boca do Cristo Redentor: “Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram!” (Jo 20 – 29).

Publicação da semana (oitava) no blog Dias d’oje (Lisboa – POR) – Coluna: REFLAXÃO DA SEMANA em 20/1/17.


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Textos Publicados 2017 - 10 (N.º 420 -Ano III)


Flor Silvestre. Foto: Francisco Ferreira.

Traços



           Isto é inerente ao meu espírito inquieto: estar sempre destruindo meus totens para reconstruí-los mais tarde, numa tentativa de reconectar-me ao sagrado – parte espiritual de minha vida, que num dado momento, me desliguei! – Entretanto mantenho baús cheios de ídolos, representações de minha materialidade, de que, embora eu queixe, não consigo me libertar. Minhas gavetas de fantasmas...
          Esta realidade me confunde e faz com que eu me esqueça de quem realmente sou não o fruto das fantasias que criei para sobreviver. Construindo mentiras com pedaços de verdades, o avesso da realidade, minha própria mitologia. Um código secreto sem palavras-chaves que o decifrem. Fazendo-me acumular muletas que se grudam ao meu corpo como órgãos essenciais, me permitindo caminhar. Meus apêndices...

          Isto fez de mim um ser triste como no sorriso do palhaço – meu próprio reflexo distorcido num espelho oxidado -. Um arremedo das possibilidades daquilo que poderia ter sido, não texto mal traduzido em papel barato, no formato de folhetim.

          E mesmo cercado pela massa turbulenta de rostos conhecidos – já vistos milhares de vezes, jamais vistos ou que jamais se verão – minha alma está deserta. Ainda que em meio ao chapinhar de gentes nesta selva de pedras em estonteante velocidade, meu espírito queda-se inerte. Embora minha boca pronuncie milhares de palavras – na língua mater e em outras -, meus ouvidos as escutem e os morros as ecoem; meu coração permanece mudo. Destarte eu veja e registre cores, fatos e imagens aos milhões, meu ser tateia cego nas sombras.

          O supra-sumo da solidão...



Publicação da semana no blog OCEANO NOTURMO DE LETRAS (Rio de Janeiro -  RJ) – Coluna: FIEL DA BALANÇA

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Poemas Classificados 2017 - 08 (N.º 419 - Ano III)


Foto: Francisco Ferreira.

Amor de Anjos




Já que, o ser pecador,

não me é dado

transubstanciar-me

e minha ciência carente

oblitera a alquimia interior,

amo-te assim mesmo!

... em pecados e erro,

em vícios. Lascivo...




Pois que nasci poeta e pequenino

com a malfadada sina

de amar e desejar um anjo.




Se me permites,

é assim que te amo.




Se não mo permitires,

amar-te-ei assim também.


Classificado para a antologia "E por falar em saudade..." Poesias – Edição Especial 2017, da CÂMARA BRASILEIRA DE JOVENS ESCRITORES (CBJE) – Rio de Janeiro (RJ) em 17/2/17.






domingo, 19 de fevereiro de 2017

Textos Classificados 2017 - 06 (N.º 418 - Ano III)


Foto: Francisco Ferreira.

A Luz



Desde que se perdera na floresta há dois dias, seguia uma réstia de luz que parecia estar a poucos passos de distância, entretanto, por mais que andasse, não lhe alcançava. Já estava quase sem forças!  Da estrada avistou a fonte entalhada em pedra, uma peça formada por uma grande ânfora sustentada por onze meninos e de onde jorrava uma água, que lhe pareceu fresca e cristalina. O aspecto sombrio do castelo o fez arrepiar, mas a sede de mais de dois dias, sobrepujou o medo e, com toda a cautela, entrou no pátio e se pôs a beber. Neste instante, surgiu ao seu lado um senhor de barbas e cabelos longos e brancos, de ares malévolos. Com um gesto de suas mãos todas as portas se fecharam e o menino se viu preso ali. O mágico disse-lhe com um brilho de maldade nos olhos:

Vais pagar com a vida tua ousadia em invadir os meus domínios e beberes da minha água.

Retirou da bolsa que trazia ao tiracolo, uma pequena balança e duas pedras, uma preta e outra branca, porém de tamanho e formato iguais e sussurrou-lhe ao ouvido, causando ainda mais terror:

-- Escolhas! Se escolheres a mais pesada, matar-te-ei agora mesmo. Se, do contrário, escolheres a mais leve, completarás a coleção de abelhudos da minha fonte.

O menino pode ver que ali, naquela fonte, estavam crianças de diferentes épocas. Tremendo de medo e amaldiçoando aquela luz que o levava ao seu fim. Optou pela pedra negra e se preparou para o pior. Quando o mágico as colocou na balança, teve um súbito estremecimento e olhou, incrédulo, para suas mãos transformadas em pedra, segurando uma balança equilibrada. Aquelas pedras, pela primeira vez em milênios, tinham o mesmo peso. Antes de transformar-se totalmente, ainda balbuciou:

--Impossível! Imposs...

Os onze garotos da fonte deixaram cair a pesada ânfora e saíram correndo, chorando de alegria pelo encanto quebrado após tantos séculos de petrificação. Estavam livres da maldição do feiticeiro.  No alto da torre norte um anjo observava, projetando doze luzes na direção da cidade.

Classificado para a antologia “7 Pecados Capitais” – Contos Selecionados – Edição Especial 2017  da CÂMARA BRASILEIRA DE JOVENS ESCRITORES (CBJE) – Rio de Janeiro (RJ) em 17/2/17.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Poemas Classificados 2017 - 07 (N.º 417 - Ano III)





Fruto de joá. Foto: Francisco Ferreira.

Ruralização

Na paz preguiçosa
de gente vexada
a carpir sonhos
e construir filhos.

O colostro da vida
sugado em quimeras
de menino levado.

Sob as goiabeiras
o Lobisomem das quaresmas
assalta o imaginário
do povo da minha terra
levando consigo as donzelas.

 Classificado para a Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - 147, da CÂMARA BRASILEIRA DE JOVENS ESCRITORES (CBJE) – Rio de Janeiro (RJ) em 17/2/17.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Textos Publicados 2017 - 10 (N.º 416 - Ano III)


Flor Silvestre. Foto: Francisco Ferreira.

Natal... qual?



          Lá nas margens do Córrego do Lavrado, na vila de São José do Córrego do Lavrado, mais conhecida por Corgo da Precata, o moço recém casado, querendo fazer um mimo à esposa que esperava pelo primeiro rebento (provavelmente o primeiro de uma enorme prole, já que aquele povo era devoto de São Bento: um fora, um dentro e outro no pensamento), parou de beber e de jogar vinte e um e caixeta, economizou uns cobres e comprou uma leitoa para lisar para o Natal. Atravessou a dita cuja, devidamente amarrada pelas quatro patas - berrando de medo e stress - e ribitou para casa, mais “feliz do que pinto no lixo” ou “galinha que bota no chiqueiro”. Em casa, cheiro no cangote da esposa e diz, babando mel, de tanta doçura:

         -- Esta leituinha é pro seu natale, fia! Cê cuida direitinho dela.

         Botou reparo na frieza da mulher com o presente, mas não fez caso. Pensou que fosse do estado interessante dela  e amarrou a marrãzinha pelo pé, ali mesmo perto da bica. Todo xasquento de poder fazer um agrado à menina “seus amô”.

          Acontece que, ali próximo, havia a venda do Sr. Natal – única da comunidade e que, portanto, praticava os preços que bem queria, sempre muito acima das vendas da cidade – e a quem todos chamavam de Seu Natale. Pois bem, a tal da porquinnha, enxerida como é toda porquinha, deu de fossar nas plantas e folhagens da dona da casa. A mulher jogava água, terra, pedra e por fim, até – que Deus me perdoe – deu-lhe umas coças de bambu do reino, mas nada. A porca destruía tudo. Deu que na véspera do natal, passa por lá o Sr. Natal (o dono da venda, se antecipando, no calemdário) e a moça, solícita e ardilosa como ela só, o chama:



       -- Seu Natale, meu marido disse que esta leitchoa era do sinhô. O sinhô pudia bem fazê o favô de levá, mode ela pará de fussar as minha pranta.



Natal, estranhou o presente, mas “cavalo dado é cavalado dado e não se olha os dentes”, deu de mão na bacorinha e levou pra casa todo pimpão. O moço, na volta para casa, já com a quicé afiada, pronto para fazer o serviço na porca, não a encontrando, corre esbaforido para a cafua, questionando a esposa:



          -- Oh, fia. Num viu que rumo tomô a leituinha do seu natale?

         -- Ari’essa Zé, intreguei ela pru dono. Pro seu Natale.

O rapaz ficou com de quem levou coice de mula ou mesmo viu assombração, alma apenada ou lobisomem e passou uma carraspana na senhora sua esposa:

        -- Muié dinsifiliz, era pro seu natale, dia 25 de dezembro e não pra’quele ladrão du’a figa!

        -- Ocê laiga de cê besta Zé, e, d’otra vez ocê exprica. – respondeu a mulher de Zé com “cara de cachorrinho que quebrou panela”. Emburrou e fez greve até o Dia de Reis, quando enfim, desmontaram o presépio da Capela de São José e sua raiva passou.

Publicação da semana no blog OCEANO NOTURMO DE LETRAS (Rio de Janeiro -  RJ) – Coluna: FIEL DA BALANÇA em 14/2/17.


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Poema Publicado 2017 - 002 (N.º 415 - Ano III)




A Procura



Por céus, terras andei a Tua procura,

águas turvas, revoltas naveguei;

em vales e montanhas Te busquei,

só, perdido no ermo da noite escura;



testei minha coragem e bravura.

Fui aos sábios, tolos e perguntei

só eu sei das augruras que passei

ao vagar nos limites da loucura.



Cansado, trôpego e estropiado

alquebrado sob o peso dessa cruz,

náufrago de um desejo inalcançado;


guerreiro vencido, as armas depus.

Porém do infortúnio fui resgatado

quando enfim eu te encontrei:  meu JESUS!

Publicação da semana (sétima) no blog Dias d’oje (Lisboa – POR) – Coluna: REFLAXÃO DA SEMANA  em 12/1/17.